Por Márcia Arruda e Rosana Castro
É comum que a criança sinta dificuldade durante o período da alfabetização. Afinal, o aprendiz precisa apropriar-se não só das letras, mas também de todas as informações e sensações que elas podem expressar.
Espera-se que a criança esteja alfabetizada até os 8 anos. Alguns pais acreditam que seus filhos devam saber ler e escrever bem antes dessa idade. Essa urgência, somada à falta de um ensino que atenda às individualidades do educando, podem fazer dessa fase um verdadeiro pesadelo para as crianças.
Esse panorama pode se agravar de tal modo que não é raro vermos, até o final do ensino médio, alunos com dificuldades graves de interpretação de textos simples.
O método de alfabetização
É muito comum a preocupação das famílias com o método aplicado pela escola para a alfabetização de seus filhos. Não há consenso quanto à existência de um método perfeito, que garanta êxito a todos os educandos. Há de se levar em consideração as características de cada aluno que está se alfabetizando.
Diante das dificuldades que podem surgir nesse processo, cabe à escola e às famílias ficarem atentas à forma como a criança está aprendendo. Quando forem observadas as primeiras dificuldades, torna-se necessária uma intervenção imediata para evitar o agravamento dessa situação.
O processo de alfabetização na vivência das crianças
Ler é interagir com o autor, procurar e produzir sentidos, vivenciar experiências. A criança deve interpretar símbolos, imagens, gestos, desenhos, de modo que formule hipóteses de leitura.
Assim, ela percorre um longo caminho que vai da identificação do texto e imagem, passando pela etiquetagem ou hipótese do nome, até a tentativa de conciliar sua hipótese com os indicadores, isto é, os signos linguísticos já conhecidos.
Portanto, é necessário auxiliar para que as crianças se tornem sujeitos capazes de interpretar, compreender textos que leram ou redigiram, ou seja, sujeitos cujas habilidades vão além do simples escrever e ler.
Como lidar com as dificuldades durante o processo de alfabetização?
Antes de impor pressões sobre prazos de alfabetização, a escola e a família devem oportunizar e envidar os esforços necessários para que a criança possa superar sua dificuldade de aprendizagem durante o processo de alfabetização.
Caso a criança esteja demonstrando apatia, nervosismo, insegurança ou dispersão no momento de realizar suas lições, é importante ficar atento para poder apoiá-la.
Sempre que for notada qualquer aversão da criança a livros ou pequenos textos, isso pode ser um sinal de que ela não se sente segura em relação à aprendizagem do código linguístico.
De nada adianta brigar com ela ou aplicar-lhe algum castigo porque isso só agravaria a situação, a distanciaria mais da leitura, além de causar uma diminuição da sua autoestima.
O melhor a ser feito, nesse caso, é a família manter o contato com a escola para saber como tem sido a participação da criança em aula e o rendimento dela nas atividades.
Além disso, é necessário que os pais exponham seus filhos ao universo da escrita, sempre estimulando-os à leitura de palavras e pequenos textos. Nesses momentos, é fundamental elogiar qualquer acerto e não apontar os erros de uma forma depreciativa.
A aprendizagem deve gerar satisfação; nunca dor ou tristeza.
Se, mesmo com o passar do tempo, forem observados sinais de dificuldade em relação à alfabetização ou ainda falta de segurança ou desmotivação para a leitura, pode ser necessário procurar por um atendimento psicopedagógico.
Através da avaliação diagnóstica, que consiste em uma série de provas que reúnem todas as capacidades, habilidades e aptidões necessárias para a aprendizagem, o psicopedagogo poderá detectar qualquer dificuldade de aprendizagem na alfabetização.
Depois de colher os dados sobre o educando, o psicopedagogo executará um programa individualizado de intervenção ao problema de aprendizagem diagnosticado.
Conclusão
Diante do exposto, ficam evidentes a grande importância da fase de alfabetização na vida da criança e a necessidade de atenção, tanto por parte da escola quanto da família, a qualquer sinal de dificuldade demonstrada.
A intervenção deve ser precoce para que não se agravem os problemas pedagógicos e psicológicos decorrentes da falta de aprendizagem da leitura e da escrita.
Essa intervenção deve ser iniciada na escola e acompanhada pela família. Caso não surta efeito, é fundamental procurar um psicopedagogo para garantir, por meio de um atendimento individualizado, a superação dessa dificuldade.
Referências
Comments