Por Eliane Mello
A morte nos atinge emocionalmente de formas diferentes e a intensidade dos sentimentos dependerá das circunstâncias. Por isso, cada pessoa sente, do seu modo, a dor da perda, o luto.
No processo de envelhecimento é difícil o enfrentamento de consecutivas perdas reais e simbólicas. Para o idoso, as perdas estão relacionadas à morte de pessoas importantes, amigos, companheiros, fim das relações de trabalho, das relações sociais, ao corpo da juventude e essas perdas acarretam sofrimento.
Assim, o luto pode ser compreendido como um processo natural e necessário para a superação da perda. É uma reação ao rompimento de um vínculo que produz sentimentos de tristeza, vazio, abandono, saudade pela morte de alguém e não é linear ou delimitado pelo tempo.
A grande maioria das pessoas não está preparada para lidar com a perda e com a terminalidade da vida.
A perda de um ente querido é considerada uma das experiências mais estressantes na vida de uma pessoa, seja em decorrência de uma fatalidade, doença ou até mesmo do próprio envelhecer. E quando essa perda é do cônjuge, esse acontecimento é de grande relevância, afinal é a morte da pessoa com quem construiu-se uma vida e que agora não vive mais.
É importante avaliar que tipo de ajuda se faz necessária nessa situação de perda, pois, o processo de luto se dá de forma diferente entre culturas e pessoas. Essa ajuda pode ser profissional, leiga e/ou religiosa.
O idoso pode precisar de ajuda para atividades básicas da vida diária para que alguém próximo assuma papéis e responsabilidades do enlutado, deixando-o livre para vivenciar o luto.
Nesse período, pode acontecer distúrbios de sono e da alimentação ou manifestações somáticas como falta de ar, aperto no peito, ansiedade, falta de energia.
Um acompanhamento psicoterápico pode auxiliar no processo de luto, ajudando o idoso a reestabelecer interesses e relações que possam substituir as situações perdidas.
A autora Elisabeth Kübler-ross, define os estágios do luto da seguinte forma:
Negação: ao receber a notícia, a pessoa passa por uma fase de choque, desespero, aflição e negação da realidade (pode demorar de horas ou dias). Tais sentimentos podem se manifestar por atitudes emocionais intensas sendo expressa contra todo aquele que venha compartilhar o luto.
Raiva: a pessoa sente-se com raiva e tristeza por se sentir incapacitada de fazer algo já que foi abandonada pela pessoa que partiu.
Negociação/Barganha: desejo de recuperar, trazer a pessoa de volta. Os pensamentos é de que as coisas podem ser como antes.
Depressão: Compreensão da morte, culpa, ansiedade e desespero. A pessoa começa a lidar realmente com a perda.
Aceitação: é uma fase de reorganização e a aceitação da perda definitiva e da constatação que uma nova vida precisa ser iniciada.
Sendo assim, o luto é vivido de maneira singular e sem duração determinada. Embora didáticos, os estágios não ocorrem de forma tão estabelecida, pois, dependerá das características individuais da personalidade e do nível e intensidade da relação que se manteve com o falecido.
Acolher e respeitar a dor é essencial para lidar com o luto. O essencial é que a família tenha tolerância para com o idoso enlutado e, principalmente, que desenvolva a comunicação e o compartilhamento de sentimentos sobre a perda, buscando contornar a ruptura do equilíbrio familiar. O ajustamento das condições externas favorece o ajustamento das condições internas e de crenças, permitindo ao idoso seguir em frente ao invés de, inconscientemente, escolher morrer.
Eliane Mello (Psicóloga e Neuropsicóloga) – CRP 06/63377
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